Homenagens ao meu avô Major Antonino e ao meu pai Senhor Aristóteles, ambos em outra dimensão.
OS HOMENS DE TERNO E GRAVATA
Ele se chamava major Antonino. Nome completo: Antonino Firmino de Almeida. Era meu avô paterno. O uso de terno e gravata era diário, de segunda a domingo, dia e noite. Só tirava para dormir, colocando-o numa cadeira, próximo de sua rede. Ele considerava uma peça indispensável, sem a qual se considerava estar nu. Ademais, na sua concepção, o homem só estava completo se estivesse vestido de terno e gravata.
O major Antonino foi um grande fazendeiro, dono de uma grande área de terras no município de Coremas (PB), depois transformado no Açude Coremas, mediante indenização irrisória do Governo Federal, o então Presidente ditador Getúlio Vargas.
Meu avô Antonino foi, por muito tempo, um homem muito rico. Era muito querido e respeitado em toda região pela sua generosidade e firmeza de caráter. Estava sempre disposto a ajudar a todos que o procurassem. A sua grande casa na fazenda era palco, aos domingos e feriados, de missas e casamentos. Tinha um grande orgulho de ser padrinho de mais de 100 pessoas, seja batizado ou casamento, para este último já tinha um terno completo destinado àqueles desprovidos de condições financeiras. Além de muita comida e bebida para todos, ele contratava forrozeiros para tocarem a noite toda, com ordens muito severas e sempre respeitadas. Não admitia desordens ou qualquer desrespeito às mulheres. Tinha hora certa para começar e terminar a festa, cumpridas rigorosamente.
Estes fatos acerca do meu avô foram relatados pelo meu pai, Sr. Aristóteles de Almeida Lacerda, sempre com muito orgulho e especial emoção, nutrido pelo sentimento saudosista de uma época áurea de sua juventude e de seu espírito então festeiro.
O meu pai, a exemplo do meu avô Antonino, considerava o terno uma vestimenta que valorizava o homem e o usava em ocasiões muito especiais. Seus olhos brilhavam de felicidade, de satisfação e de orgulho.
Outro fato marcante de meu pai era o dia 27 de dezembro, data de aniversário de seu casamento com dona Nevinha, minha querida mãe. Neste dia especial, ele participava da Santa Missa, vestido elegantemente de terno e gravata, ao lado de seus filhos, familiares e amigos. Era felicidade total, ao lado de sua esposa e filhos. Estava garboso e orgulhoso, vestido elegantemente de terno e gravata.
Dois grandes e generosos homens, exemplos de cidadãos de bem, dedicados ao trabalho e à família!
Extraído do Livro:
"REPENTES do CORAÇÃO" – Contos & Poesias
Autor: José Almeida Cavalcanti
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